domingo, 18 de outubro de 2015

o poema escrito pela chuva





eu que pouso de forte,
do que está além do humano comum,
eis que o humano comum me abraça,
e reza sua depressão sobre o que penso
não mais acalentar,
vez por outra acho-me acima de tudo e de todos,
que já me entranhei nas dimensões do imorrivel
"nem sábios, nem santos livres estão de adversidades ( ... )"
abro lentamente a escotilha do submarino corpo...
lá está a rua chamada mundo,
o favorável e o adverso,
a imperatriz e o rasgo das coisas que pouco vejo...
e o que vejo, até onde vai o olhar que penso ter?
e essa reflexão continua:
numa visão, lobos me cercam no ventre do gelo,
noutra, subo aos céus puxado por pássaros,
tal qual "Remédios" em "Cem Anos de Solidão"
as vozes do Sutra de Lotus, tocam,
é música constante,
minha mãe e meu pai,
meus irmãos e irmãs,
os astros da noite sábia
a pequenina flor de sândalo
que a tartaruga de um olho só precisa encontrar
na superfície do abismo sagrado oceano
para manter-se viva,
eu à encontrei, mas até que ponto adorno
minha iluminação e a iluminação de meus semelhantes?
mas como sou esférico,
comprometido com a poesia que salvará o mundo,
com a doce margem do rio onde nadam toda as almas,
saio de minha zona de conforto,
e vou ao ataque, a quebra de paradigmas,
empunhar a voz, a flauta, a gaita, o violão,
o poema escrito pela chuva

( edu planchêz )

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

e vamos ao extremo do extremo, ao samba dos sambas, 
a poesia das poesias


 ( edu planchêz )

Flor de Cerejeira




Colher cerejas com você 
é quase tão divertido quanto comê-las,
eu o faço em meus serenos sonhos,
nesses sonhos meus você sempre está de camisola 
de seda perfumada de rosas,
com os olhos nos meus olhos,
rica de cerejas brilhantes,
ave de plumas suaves,
mulher cantora...
Gostar é algo incontrolável,
indizível, desconexo com qualquer lógica,
de um prazer magnifico
Apenas amando, tocando flauta...
mirando o céu do Rio de Janeiro,
os embaralhados fios que a desenham
em traçados de luzes perfumadas
Minha natureza de orações
a quer fundida as minhas células,
ao ofato do fiel vento
Um grande amor flutua,
adorna meu rosto e meus dedos,
e eu vou continuando vivo,
o flautista de hamelin,
que em vez enfeitiçar ratos e crianças,
é enfeitiçado por você, flor de cerejeira
( se prestares bem atenção,
ouvirá as falas de minha flauta
rezando teu nome )

( edu planchêz )

Sim, tenho uma Dona





Armado de portas e janelas, eu Otelo Planchêz,
angelical por merecimento,
amante absurdo totalmente de quatro
pela feiticeira que canta 
os trinados carmim de Piaf Rainha

Filho desse reino, filho de teu reino, 
filho do que ordenares,
sim, tenho uma Dona, 
a mais saborosa das pérolas,
o intervalo entre o mover da semente
e o sibilar da flor, 
da flora carnuda por onde ando,
por onde estendo a alma que teci
para que te sirva de roupas,
para que esqueça essas roupas sobre as pedras
do meu tórax página de Miguel de Cervantes
e dance a dança das sete borboletas,
dos oito arpejos que Paco de Lucia construiu
no véu da marcante lua que te seguirá
por toda a viagem
...

 ( edu planchêz )

domingo, 4 de outubro de 2015

O rosto




O rosto de Catarina Crystal​ é um espelho,
nele vejo refletido o meu rosto...
A natureza do espelho é multiplicar 
e devolver aos olhos que o contempla,
a fala primeva da terra,
os primeiros atritos do corpo criança ao colo, 
a primeira gota de leite a boca,
aos seios; 
encanto que nunca ei de esquecer

Mãe,
sempre à vejo com o tato,
em meu corpo fruto de teu corpo,
no corpo dela, no corpo do canto
que me acompanha tal sombra,
tal espirito que se arca para receber do sol
a arte de mover cataventos

( edu planchêz )

Vagidos da Vagina




Eu, Eriberto Leao​ e Diego El Khouri​: 

o Povo do Vento da meia-noite, 


os dançarinos do abismo, pombas-giras-do-absoluto, 


esperando pelo sol...


desce 3 absintos, desce a porra toda!




O caralho à quatro, 


essa bundinha de muitos quilates


E não fode e fode tudo


Das galhas do cânhamo


aos rugidos do leopardo de Antuérpia,


aos vagidos da vagina


( edu planchêz )