sábado, 9 de janeiro de 2016

velhos que vomitam as melhores espadas

não posso parar de fazer de cantar rock 
porque sem o rock as pessoas,
a civilização morre viva soterrada 
pelo estrume do dinheiro

podem dizer, como já disseram, 
"edu planchêz, você está velho,
o seu tempo acabou"...
mas são os velhos que vomitam as melhores espadas

estive sim, no rock in rio em 1985,
durante o concerto do yes mergulhei na lama, na chuva,
e nunca mais sai de lá,
essa é uma das coisas que me faz imortal,
imorrível, cidadão das tormentas infindáveis

( edu planchêz )

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

nos paetês, nas crinas do animal


conto os grãos da areia de nossas praias
com meus olhos de areia,
preso ao elástico de vidro,
ao salto do gnu de pelagem cinzenta,
com a face e a cauda negras

antílope encontrado no leste e sul da áfrica,
vinde a minha mesa,
ao meu livro de péssimas maneiras

para o jantar, temos um monte de ilhotas,
de pedras e canetas

temos dedos para encontrar com dedos

e o absurdo inexato da mímica,
faz sombra na frente da vela,
nas películas de Charles

aqui cabe todo e qualquer assunto,
andré breton e márcia aide,
juntos, numa lâmina exposta a luz,
nos paetês, nas crinas do animal

( edu planchêz )

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

versos que são pétalas de cera


por certo sou o poeta ancestral
costurado nas rendas das calcinhas de minha senhora,
"o anjo torto do carlos e do outro"
debruçado nas orlas de estrelas de shiva e parvati

deixando o deserto para morar em definitivo
em tuas continentais costas,
nos selos teus, nos campos lavrados
da vagina secreta da mulher
que condensa em si todas as mulheres

e todas as mulheres que correm com os lobos,
se edificam nos pelos teus,
nas bocas que usa para mastigar
o céu de creme de leite, a seiva divina
do seu sempre orfeu

e vou, e vamos,
pelos arredores de dentro,
pelos solos de fora

e o poeta ancestral,
e a poeta ancestral,
dizem um ao outro,
sem usarem uma única palavra,
versos que são pétalas de cera,
pétalas de livros, pequenos filmes,
cinema nouvelle vague,
cinema novo,
arte da caminhar em zig zag

( edu planchêz )

foda-se


de um foda-se para esses psicopatas sem poesia,
um caralho de asas, uma vaca tetuda...
liguemos o foda-se 
aqui e agora para esse planeta mofado
de homens e mulheres mofadas

e para alem desses arranhas-céus,
morder a maçã azul da não violência

o sol do desmando, da desobediência civil,
da safadeza sagrada, brilha,
entremos nele com todas as patas,
com todas as pontas

com os lábios de quem morre para o egoísmo,
beijemos a fria flor, o sorvete das naves
ancoradas nas partes mais sensíveis
e o foda-se se estende pelas três mil direções,
pelos bosques intocados de nós mesmo

( edu planchêz )

cataratas de meteorito


um luxo as seis horas e trinta e seis de quinta-feira,
saborear os quitutes do velho e requintado led zeppelin,
privilégio de quem rasgou as carnes das chamas,
partidos em zil pedaços, alucinado por raios ultrajantes,
cataratas de meteoritos, alavancas que nos levam
da terra das andanças ao roliço corpo da alma blues
e o roliço corpo da alma blues, dança,
permite que o toquemos com as pontas dos neurônios,
com as línguas ardidas da guitarra
eu sou todo vapor, aço em estado de vela acesa,
alce ungido com saliva, madrepérola greta,
vento soberano, prata esticada nos cabelos de venus,
cio de amar-te de dia e de noite nas camadas íngrimes


( edu planchêz )

ultra presente


o que é verdade e o que é mentira em minha vida, 
rodam numa roleta de estrelas de muitas bocas,
e o led zeppelin do futuro, por sorte,

agarrado está nos trovões que ora acorrento
em nossa sala de invenções explicitas


e se você não se entende com os braços
da minha poesia, com os arcos que armo
nas estantes de puro vidro e sal,
não importa, porque os braços do meu rock,
se inundam de temporais,
de ocultas faces, que podes ver,
se abrires bem os olhos


mas o led zeppelin do ultra presente,
caminha em nossas peles,
alardeando o novo que acaba de florescer,
feito cigarra que estronda seus arrepios sonoros
no mais incendiário meio-di
a 


 ( edu planchêz )

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

nosso pai


nosso pai não foi um arquiteto,
nem um construtor de aviões de matéria estelar,
ele andou pela terra semeando amigos, filhos e netos, 
amores e caixas de bombons

e eu lembro do dia que tomamos banho de chuva,
felizes como dois bicos-de-lacre,
no quintal de nossa velha casa do novo horizonte

de peixeiro a procurador federal,
meu pai desenhou espadas de ouro em nossos olhos,
arcos de bétula tencionados ao máximo,
para que neles atiremos as flechas
do nunca desistir, do sempre ousar,
do jamais deixar de ir alem do alem

nosso pai não foi um arquiteto,
nem um construtor de aviões de matéria estelar,
ele andou pela terra semeando amigos, filhos e netos,
amores e caixas de bombons

( edu planchêz )

domingo, 3 de janeiro de 2016

para samira


no dia de hoje não passo de uma lágrima, 
de um sol bem pequeno, 
de uma lua gotejada 
gota por gota num vidrinho de almíscar


( edu planchêz )

o corpo


o corpo dói, qual corpo que não dói?
a alma lateja enroscada nas couraças emocionais,
e vou desatando esses nódulos,
conversando com a idade que tenho,
com as partículas grandes e pequenas,
das vivencias, dos turvamentos, das iluminações

mergulho nos tonéis da esperança,
no sempre lago de antigamente,
no futuro do algo que ainda não sou

se posso me ajudar, se posso te ajudar,
relatando o que sinto,
não somos nada diferentes,
saudamos nossos vivos,
choramos nossos mortos,
precisamos tomar banho, comer, ir a rua,
ao banheiro, inventar dinheiro,
criar noticias, buscar informações

e tem os livros, as canções,
os ídolos mestres que nos inspiram,
os que nos levam ao esquecimento

preciso esquecer ou não lembrar 
de algumas coisas que são agulhas,
desamar, deixar de ser refém de paixões platônicas,
de valorizar quem não me valoriza,
ir para outro mundo, ficar nesse mundo,
destruir, construir a escada que não leva para o céu,
e lá eu quero saber de céu?

e o corpo dói,
e o rádio zuni a voz de maria gadú, de adriana calcanhoto...
"e o inverno no leblon é quase glacial",
e o verão na estrada dos bandeirantes é uma máquina
de assar frangos e humanos

( vou parando por aqui. cansei )

( edu planchêz )

borboleta cor de morango



ainda posso, ainda tenho o direito de escrever,
de mover a pedra do centro da máquina cabeça

resta-me uma placa, um continente sem nome,
um vulcão adormecido aparentemente;
olho para direita de meus ouvidos,
para a esquerda, para trás e para a frente,
para o inacabado dia

( um está vertido em águia, o outro,
em mil gramas de poeira celeste )

nunca cessa o canto gemido da floresta
dos antigos sonhos de mover nos nosso braços asas

por todo o negro corpo,
por toda a aspereza do ventre da cigarra
despida de todos os véus,
a borboleta cor de morango se reinventa na flor

( edu planchêz )

sábado, 2 de janeiro de 2016

linda


ela me disse se eu fosse morar nas profundas florestas do fim do cosmo,
nas absurdas colinas do nunca,
iria pescar para que eu não padecesse de falta de vitaminas

porque se não der certo o seu dom de cantar,
assumirá sua identidade de índia ancestral;
diante de tanta humildade,
me posto a chorar de joelhos lágrimas, flores e estrelas

( edu planchêz )

pedras verdes azuis


eu aqui perto do rosto perfeito do mar silêncio,
da prosa balsâmica de janeiro,
do reino sensorial que me liga ao céu da arca
onde guardo os livros da aurora da Terra,
os livros escritos por mim mesmo em vidas prévias

uma, duas, três ondas de letras que formam silabas e palavras
no solo do sal, no cais das areias,
nas cartas escritas pelo amor de agora

eu aqui longe da sombra do pássaro
que passa rente a eterna neve dos andes de minha cabeça

o pouco que sei escreve na seda e no linho
o retrato do que ouço,
o que ouço retorna do reino das rãs cantoras,
das caravanas de flamingos
que deslizam pelas almofadas de nuvens

e ver sempre foi o meu maior dom,
a alegria mãe,
o sentido de permanecer entre as pedras verdes azuis,
entre vossas mãos de cristais

( edu planchêz )

Para Paula Beatriz Albuquerque


"O miolo do mundo vive em festa",
vivo em festa com esse miolo,
com esse pão dos escolhidos de o arco e a lira.

Paula, a lira que tocas por todas essas frases,
por todas as clases do fazer e do não fazer,
que se abram todos mares da epopeia,
pelo carro puxado pela tuas letras de vivo sangue.

Vosso olho, nossa casa, o elo,
a ponte do manifesto ao pensado,
da retidão da luz riscada
por teus dedos de escriba extrema 

( edu planchêz )

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

a porra do meu rock



um de janeiro, 
cinco horas e vinte e sete minutos do verão
que promete esturricar os menos desavisados
e detonar o nosso rock arrombado
sobre o lombo dos que gemem gostoso
pelas marolas oceânicas
da cidade estrela de nossas vidas

e você pode me chamar de poeta devasso,
de comunista greludo,
de cidadão desqualificado,
por que sou tudo isso mesmo diante dessas leis,
dessa pretensa música que fede a bosta de cavalo

a arte do sertanejo é ajudar a gente a esquecer 
que tem cérebro,
e a porra do meu rock vos fode com alma,
com os cabelos do sentimento extremo,
com as páginas dos mestres de bob dylan

 ( edu planchêz )

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

carioca, sempre carioca, não mais que carioca



aqui na zona oeste do rio de janeiro ouvindo Candeia,
grande mestre do samba, do humanismo,
da poesia das causas populares,
minhas palavras o abraçam 
juntamente com meus ouvidos,
lembrando de Marko Andrade
Jorge Dangó e Arnaldo Vieira de Alencastre,
irmãos de caminhos forasteiros, de fé e fome,
como esquecer de vocês, 
nobres poetas dessa entranha-cidade?

a poesia que ora rabisco, carioca é,
rema nos corações dessas ruas suburbanas,
contorna o mercadão de madureira, 
patina por cascadura,
desce pelas correntes de rocha miranda,
desemboca em sulacape, 
se arrasta ate a minha praça seca

irmãos e irmãs, 
cá de meus olhos de feiras, de xepa,
de balões apinhados de fogos e lanterninhas,
de mangueiras, jambeiros, trica-ferros, coleiros,
canários da terra, rolinhas, bicos de lacres...

carioca, sempre carioca, não mais que carioca,
nada alem disso, ai me vem Candeia,
poeta cantor dessa hora nem fácil nem difícil...
e eu volto para a velha feira da rua barão,
com meu carrinho de madeira de caixotes
que meu amado pai que ora nos deixou,
fez para que eu arrumasse algum trocado
transportando compras...

e tinha o macarrão do meu avô stelhão,
isso quando a feira se mudou para rua pedro telles,
eu vou carioca orgulhoso que sou,
ate o meier, a madureira, a bento ribeiro, valqueire,
eu nasci aqui, nesse calor majestoso,
nas entranhas do carnaval, do futebol,
dos morros, do mato,
dos valões onde eu pegava os peixes barrigudinhos
para jogar no poço do fundo do quintal

           ( edu planchêz )

zeca pagodinho deveria se envergonhar em receber algo, diante de tantos que sofrem


estou triste, não tenho como escapar, 
o nosso pai partiu,
e é fim de ano, momento que ele amava comemorar,
sempre preparava uma enorme cesta de frutas
adornadas com garrafas de cidra,
e oferecia essa beleza aos Deuses 
das dez direções do universo

volto aqui para a minha noite, 
rio de janeiro, último dia do ano,
e agora antônio eduardo?
jacarepaguá, estrada dos bandeirantes,
calor extremo, um sol para cada habitante,
o mesmo verão maçarico de sempre

copacabana entupida de gente,
hospitais fechados,
fogos explodindo, morte nas comunidades,
guerra, falta de remédios e médicos,
dinheiro queimado, 
vidas ceifadas pelo mal emprego desse dinheiro

zeca pagodinho deveria se envergonhar 
em receber algo,
diante de tantos que sofrem, 
o que vai para o bolso dele,
faltará na enfermaria fechada

estou triste, não tenho como escapar, 
o nosso pai partiu,
e é fim de ano, 
momento que ele amava comemorar,
sempre preparava uma enorme cesta de frutas
adornadas com garrafas de cidra,
e oferecia essa beleza aos Deuses 
das dez direções do universo

( edu planchêz )

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

pontos vivos


acorrentado, ao botão,
ao cálice, ao clima,
ao coice das raízes,
ao rumo obtuso,
ao comovente explodir das pétalas
das flores da quaresmeira,
teu trunfo, minha aclamação

o outro ponto, a mais nova virgula,
a frase de efeito,
teu trunfo, minha aclamação

pendido entre a sala e o quarto,
entre o marco menos zero das coisas não coisas,
a interrogação, o trema, os dois pontos vivos
das argolas que usas para me acariciar

 ( edu planchêz )

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

os refugiados


os refugiados que o mundo do dinheiro
mais que morto expurgou de suas pátrias
estão aqui nas salas de meu coração,
jogados pelas ruas do quase nada,
em nome da miséria da alma sem alma
dos que nunca pensam no próximo

vossas carrancas imundas, homens-dinheiro,
torna-se-ão esqueletos
porque todos e tudo se tornam esqueletos
porque sempre foram esqueletos

quero ver o o que sentirá 
no momento de vossa morte física,
nenhum dinheiro conseguirá, 
deter o terremoto de tua morte,
a parada cardíaca, a parada respiratória aguda...
assim o é para todos, nasceu, 
é inevitável tudo que falei

melhor dividir, 
tratar o próximo com dignidade e respeito,
pois nada somos mesmo,
compreendi melhor essa verdade,
observando o corpo de meu pai sem vida;
é mais que real, caixão não tem gavetas,
nos dedos não levaremos anéis,
notas de dólares, catões de créditos...
as propriedades ficarão por ai,
as belas roupas, os sapatos de cromo alemão,
o caviar de esturjão soviético,
o scott de um bilhão de anos,
o jato de ouro maciço...
na nave da morte nada disso cabe

  ( edu planchêz )

domingo, 27 de dezembro de 2015

uma pobre bandeira dos estados unidos


uma pobre bandeira dos estados unidos 
que nada representa,
ou que representa o estado de arrogância 
de querer tudo dominar,
boia na fétida lagoa do desprezo, 
do meu desprezo ao que oprime, esfola, usurpa

essas merdas de filmes croacas de hollywood,
insistem impor as cores do embuste império
aos cérebros inocentes

eles são tão pobres, mas tão pobres,
que só possuem dinheiro,
e maquinas de guerra,
e bombas fazedoras de mortes...

mas tirem desse saco, as pessoas simples,
os artistas, os que trabalham, 
os que lutam para salvar vidas,
aqui torna-se desimportante a origem, 
a nacionalidade...

e a pobre bandeira dos estados unidos 
que nada representa,
morrerá sem nunca ter ouvido um blues,
sem a voz e os versos de jim morrison,
de allen ginsberg, de jack kerouac,
de hendrix, de janis, de kurt cobain...
essa é uma outra america
que eu e meus irmãos e irmãs
de caminho aplaudimos

( edu planchêz )

eu que nunca me perco


eu que nunca me perco por estar atado
ao crystal das dunas adornadas de arrecifes,
corais color visionários,
peixes-palhaços, madrepérolas livres,
polvos repletos de naquin,
pintores aquáticos

a frança antártica,
piso nela, no sol cinquenta graus,
no braseiro do grande amor,
na grande alma do oceano

( edu planchêz )

você e eu reinamos


"somente anjos possuem um rosto tão lindo assim",
me disse um oráculo ao analisar-me...
jogado aos lírios, aos pés de milho, aos girassóis,
em teus braços alterosos

sobe aqui, peguemos as estrelas esparramadas
nos armários do verão,
o himalaia quer nosso tato,
a água de nossos seios

vendo-te de frente, de lado, de costas;
vendo-te para nunca deixar de orar
com os dedos entrelaçados
aos dedos que temos nas paralelas dimensões

você é a mais bonita das araras,
o matutino quasar,
o magnético sonho,
a chuvarada de alfazema, o mel

"somente anjos possuem um rosto tão lindo assim",
o mato reina,
você e eu reinamos

( edu planchêz )

canário da terra


rosas marcam as pegadas da minha moça ser,
de minha capacidade de reter nas longos suspiros,
a firme marcha 
de quem vai para as notórias casas da alma, 
da alma do figo maduro, 
da maçã que voa,
do espantalho que flutua nas sombras
dos cavernosos corpos 
das atarefadas formigas

margaridas permanecem nas pintas cinzas
das asas amarelas do canário da terra
que se arrisca nos fios de cobre cantar
o canto que inventa

( edu planchêz )

sábado, 26 de dezembro de 2015

teu critoris


pensando em fazer sorvete,
em construir um túnel 
entre minhas coxas e as tuas,
e os aviões do tudo e o nada,
e os navios trabalhados em cera marrom,
cera das fodas futuras,
cera do assoalho maior 
de todas as vezes que me procuras
por dentro da escrita automática,
por dentro das brenhas 
das matas da oitava estrela

puta que pariu, 
puta vontade de nunca ter vontade,
mas é só um querer,
um caralho gigante que flutua,
que fura gostoso, porra,
meu poema te mela,
te meleca toda,
e me meleca também,
por que é muito bom ser melecado
foda, fios de saliva emolduram meu rosto,
teu rosto, a pele mais que irritada de meu pau
e de tua buceta pintura descomunal

sorvete vermelho,
teu critoris linhas do mundo,
pássaro meu amigo,
converso com ele,
ele responde pulsando
em seu amado idioma...

( edu planchêz )

por fome e por sede


meu pai morto, a outra dimensão o abraça,
eu mastigo a resposta,
as cenas de tudo que vivemos pelas trilhas dos dias;
as oito e quinze da manhã de 10 de dezembro de 2015,
ouvi pela última vez sua voz ao telefone,
ele me disse, " estou indo me internar,
me opero as quatorze horas,
antes do natal estarei em casa"

é natal, estou em casa,
na casa que foi de meu pai
e que nunca me foi aberta enquanto ele aqui estava...

minha irmã ana lucia, deitada no sofá,
aponta suas setas para o futuro,
suas pernas para o infinito do que ela ainda não viu,
minha pobre irmã,
viveu oprimida pelas mãos de homens cruéis,
machos implacáveis de rabos de dinheiro,
de pirocas metralhadoras,
máquinas de foder não de amar

fazemos escolhas e as coisas nos escolhem,
por estarmos torpes emocionalmente,
por fome e por sede

( edu planchêz )

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

09:55


poeta-bicho,
coração geógrafo,
chá mate com pêssego,
você comigo
nas retinas da cama


( edu planchêz )

desejo


desejo teus olhos nos meus,
teu coração no meu coração de poesia
e todo esse mar subterrâneo...
o céu da lua


( edu planchêz )

domingo, 20 de dezembro de 2015

supra sumo


lucho gatica,
cá estou de volta ao terreno,
ao estado geográfico de minha vida,
ao recreio dos bandeirantes
de todas as solaridades,
dos multiplicados raios
capitães e tenentes
da maresia esplêndida

tal qual meu pai,
reino, me arrasto por essas águas
de sono e sal

espalmo a mão direita
e cubro o pontal,
a ponta leste do mar
do meu eu anfíbio

antares se reflete no aquaespelho
dos dedos de mim,
dos dedos faisões das sete quedas
do que penso
a tulipa abissal,
o artistas das cavernas futuras,
o artista do rio céu,
do supra sumo

( edu planchêz )

sábado, 19 de dezembro de 2015

a lua que jogamos na água


duzentas horas de chamas ardentes
nessa avenida colorida
em que a Stella aqui faz seu carnaval,
na comunhão dos cortes da montanha que vejo
da ritual janela da sempre nova Camorim,
do espetáculo Jacarepaguá

eu amo e eu amo e eu amo e eu amo,
e respeito os que zelam pela sabedoria
do mistério do pêssego
que cintila "no cume calmo do meu olho
que vê" as côncovas  lentes da claridade

e perto da pura matéria pura
empunho minha fiel flauta,
minha cinemacoteca extraordinária,
meu cajado de arame de cobre

o escritor aqui,
compreende que nas mantas que cobrem
e descobrem o corpo da luz que nos guia,
por dentro da densa floresta
que nos liga a Macondo,
abre-se a bola que chamamos de sol,
a lua que jogamos na água 

( edu planchêz )

riquezas são cântaros abarrotados de uvas



oitenta mil graus centigrados no lombo da noite de minha vida de ouro
e sal e açucar e aço tenso e sonoras planícies de primaveras líquidas,
e nova cidade que sou, e o sax breu de milis davis

respeitável público, por mais que eu dance,
por mais que eu arquitete mover com os nós dos dedos
a peça que nos une ao céu da comunicação...
telegrafando partículas de mim para ti
em meio ao compenetrante desafio
de me manter rico nos meandros da inocência

riquezas são cântaros abarrotados de uvas,
de peras e limões e laranjas e jambos e...
riscar com pedra d'ouras meu nome e o teu no horizonte

 ( edu planchêz )

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Clamo rebelião, guerra aos que arquitetam "guerra"



O Povo Gavião armado de arco-íris,
olho no teu olho, olho meu olho,
olho no olho, prontos para vencerem,
para levarem a bandeira encarnada
de Pindorama terra cinema
do preto e do branco,
do mestiço, do ser do mato


Sete sementes de pêssegos 

( isso é real, não é metáfora )

brilham em proporção de galáxias
aqui na minha frente


Aqualung é a trilha sonora,
e eu não tenho mais idade,
medo da morte física,
medo dos mortos em vida
que por usura também nos desejam
a mesma morte


Nossa fome é de gente,
vossa fome é do poder pelo poder,
você quer continuar colhendo
como vossos tarara-avós,
sem dividir, os fluidos saborosos
do magno Pau-Brasil

Clamo rebelião,
para isso nasci poeta da abissal tormenta

Clamo guerra aos que arquitetam "guerra"
Repito palavras de Regina Feghali,
nossa guerra se travará no reino das idéias,
da ideologia, não precisamos dispara um único tiro,
extinguir uma única vida


O Povo Gavião,
mais que acordado marcha,
caminha, dança em direção
ao justo, ao belo, ao autentico,
por isso não comemore
os frutos de vossa demência
sem nos perguntar
se aprovamos teu sórdido ato


( edu planchêz )

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Não clame o nome de Dylan Thomas em vão




Não clame o nome de Dylan Thomas em vão
se você não sabe o que é um homem macaco,
uma mulher onça, uma criança gavião...
Um dia não muito distante, 
todo o continente Americano,
será um só país, 
um único povo de múltiplas línguas


A boca-palavra de Dylan Thomas, espere,
vai te engolir inteiro e te escarrar,
defecar; você conhecerá o cu do mundo,
o cu do vulcão que não rejeita pulhas
defensores de monarcas apodrecidos

 ( edu planchêz )

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Novíssima manhã



Nasci visceral, orgânico, artista, criança,
ser simples, quase nada,
carioca pela geografia,

pelas tantas da madrugada,
assistido pelo rabicho de uma estrela cadentes
nas palavras de nossa mãe


Ora acendo, ora apago,
ora, ora


Me dê uma alavanca que moverei o mundo
abraçado a Arquimedes
Me dê dardo que acertarei a pedra de ouro
de vossa majestade


Aqui nessa cabana castelo de tudo desfruto,
és meu convidado para o amável banquete,
para ouvires as múltiplas canções
dedilhadas pela generosidade

Antônio Eduardo Planchêz de Carvalho,
deseja o que desejas,
o que está bem próximo,
a aliança prospera da eternidade


Vide comigo o raiar que dança
nas constelações
Vide comigo na rotação do planeta
atado na delta asa de Ícaro,
a novíssima manhã


( edu planchêz )

Machu Picchu


Machu Picchu,
cidade sagrada dos Incas,
meu mestre do espírito humano,
sobreviveu confinado na ilha de Sado
sob um frio de dezenas de graus abaixo de zero,
se alimentando de insetos e grama,
morando numa cabana sem nenhuma condição humana,
para aquecer-se usava a pele de um veado,
as provações que passo, 
não são nem de longe tão severas,
nenhuma razão tenho para lamentar

Machu Picchu,
o girassol das minhas horas flutua
na vastidão das estrelas que vejo aqui na Terra,
estrelas-pessoas, estrelas-seres,
estrelas...  

( edu planchêz )

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Os colares vistos em teu pescoço



O outro poema que é maior que esse esse,
escrito está, nas argolas que unem você a mim,
todavia, os colares vistos em teu pescoço,
sintonizados estão aos planetas
que ora regressam das crateras mornas
do rasgo que me deixa ver-te
de olhos fechados
observando os intra-mundos do além do sono


E a profundidade desses fartos mergulhos,
a trazem envolta a sedas e rendas,
na mirra emergente dos olhos que tenho,
das mãos que te seguram,
das progressivas noites em que cantas
"Menequi te pa" de joelhos
com a boca borrada


E entre a minha cidade e a sua,
e entre seus joelhos e os meus,
cardumes de peixes vertidos em nuvens
nos catam pelos cabelos,
e todo sol é nave,
e toda rua movida por nossos pés
adora ser cena de romance


( edu planchêz )

Diego El Khouri, o Sutra de Lótus está sendo vital 

para que eu chegue nesse poema, 

chamo de poema umbrais alçados com sabedoria


  ( edu planchez )

Um sonho



Um sonho, pós muito tempo sem sonhar:
Um canário bem amarelo dentro de um alçapão,
mas ele não está preso, o alçapão não tem tampa,
mas o canário bem amarelo,
permanece dentro, se acha preso,
mas não pela tampa


Meto a mão no alçapão
e pego o pássaro,
o jogo para o ar,
ele voa mas volta para o mesmo lugar,
volto a pegá-lo,
e faço a mesma ação,
mas dessa vez,
ele mergulha profundamente no céu


( edu planchez )

Ao caule do baobá



Cabe um poema nesse meu agora,
respiro e olho para a janela,
a chuva do 3 de dezembro,
o vento do natal que invento
clareia a noite dos próximos segundos,
eu nada costuro nas asas,
nos contra luz do que vejo


Hoje observo antes,
bem antes de algo falar,
bem antes

O fantasma que deixei no absurdo,
nas matas estranhas dos sentidos,
nas ações impensadas,
no que pego com as mãos


Penso, cruzo as pernas
atado ao chão,
ao caule do baobá


Primeira carta aos meus ouvidos,
escrita sem pressa,
sem nenhuma letra,

com as perfeitas nuances
do sabor novo

O outro dia cá estava,
em estado de feto,
acocorado no semem


Parte do som,
das salinas,
dos compridos cabelos meus,
a arte


Pedra, gelo, palavras,
molas, maiores são os dias,
as noites, o horizonte esculpido
aqui nos meus narizes


( edu planchez )

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

poema ser


O micróbio da alegria dança 

em teu poema ser, 

Rosa Kapila, 

é mais fácil o sol apagar 

do que o inverno não verte-se 

em primavera 

em nossas vidas,

viva o Sutra de Lótus 

de nosso peito bonito!


( edu planchez )

Cantado a canção do mestre Lua


arte, nela me desmancho, me elevo em lágrimas,
choro, e ao mesmo tempo abro um sorriso
maior que o cosmo
estou nas mais profundas grutas 
da beleza apenas tomando leite
hoje mais uma vez toquei minha irmã flauta 
para as pessoas na rua do catete,
se lá não estivesse tocando juazeiro no pife
que ganhei do amigo paraibano luiz,
não teria o privilégio de ter o ator josé dumont
sentado do meu lado na calçada
cantado a canção do mestre lua
emocionado; falamos de amores que se foram,
de paixões que se rabiscaram
em nossas doces vidas de malandros aquarelados

( edu planchez )

sábado, 28 de novembro de 2015

E não...E sim...





O sol Tavinho Paes
e água e pão e Alvaro Nassaralla
desce os desfiladeiros das horas de sono
e o estar desperto
para na lisura do ir e vir ( das palavras )
movimentar os arpejos
das mãos que escrevem


A sombra perfeita inexata
partida nas arestas das páginas
do quase perfeito

da "pauta de metal"
que hoje e sempre foi o ninho
das andorinhas da clave de sol
e mar ancião de Cassiano Ricardo...


O sol do espanto
patina nas imagens múltiplas
de Sakyamuny
exibidas nas paredes imãs
do bardo de Bonsucesso 

através da água ungida

pelo filamento da lampada
parida pela memória Cyberpuk ( deste )


Arabescos,
para além do mundo visível e material,
geometria de plantas,
formas orvalhadas e tal
da flauta ( que me roubaram )
e não me roubaram
e não me roubaram
e não me...
e não
e sim...
e não e sim,
e!
( edu planchez )