sábado, 26 de dezembro de 2015

por fome e por sede


meu pai morto, a outra dimensão o abraça,
eu mastigo a resposta,
as cenas de tudo que vivemos pelas trilhas dos dias;
as oito e quinze da manhã de 10 de dezembro de 2015,
ouvi pela última vez sua voz ao telefone,
ele me disse, " estou indo me internar,
me opero as quatorze horas,
antes do natal estarei em casa"

é natal, estou em casa,
na casa que foi de meu pai
e que nunca me foi aberta enquanto ele aqui estava...

minha irmã ana lucia, deitada no sofá,
aponta suas setas para o futuro,
suas pernas para o infinito do que ela ainda não viu,
minha pobre irmã,
viveu oprimida pelas mãos de homens cruéis,
machos implacáveis de rabos de dinheiro,
de pirocas metralhadoras,
máquinas de foder não de amar

fazemos escolhas e as coisas nos escolhem,
por estarmos torpes emocionalmente,
por fome e por sede

( edu planchêz )

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