quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

carioca, sempre carioca, não mais que carioca



aqui na zona oeste do rio de janeiro ouvindo Candeia,
grande mestre do samba, do humanismo,
da poesia das causas populares,
minhas palavras o abraçam 
juntamente com meus ouvidos,
lembrando de Marko Andrade
Jorge Dangó e Arnaldo Vieira de Alencastre,
irmãos de caminhos forasteiros, de fé e fome,
como esquecer de vocês, 
nobres poetas dessa entranha-cidade?

a poesia que ora rabisco, carioca é,
rema nos corações dessas ruas suburbanas,
contorna o mercadão de madureira, 
patina por cascadura,
desce pelas correntes de rocha miranda,
desemboca em sulacape, 
se arrasta ate a minha praça seca

irmãos e irmãs, 
cá de meus olhos de feiras, de xepa,
de balões apinhados de fogos e lanterninhas,
de mangueiras, jambeiros, trica-ferros, coleiros,
canários da terra, rolinhas, bicos de lacres...

carioca, sempre carioca, não mais que carioca,
nada alem disso, ai me vem Candeia,
poeta cantor dessa hora nem fácil nem difícil...
e eu volto para a velha feira da rua barão,
com meu carrinho de madeira de caixotes
que meu amado pai que ora nos deixou,
fez para que eu arrumasse algum trocado
transportando compras...

e tinha o macarrão do meu avô stelhão,
isso quando a feira se mudou para rua pedro telles,
eu vou carioca orgulhoso que sou,
ate o meier, a madureira, a bento ribeiro, valqueire,
eu nasci aqui, nesse calor majestoso,
nas entranhas do carnaval, do futebol,
dos morros, do mato,
dos valões onde eu pegava os peixes barrigudinhos
para jogar no poço do fundo do quintal

           ( edu planchêz )

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