quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

versos que são pétalas de cera


por certo sou o poeta ancestral
costurado nas rendas das calcinhas de minha senhora,
"o anjo torto do carlos e do outro"
debruçado nas orlas de estrelas de shiva e parvati

deixando o deserto para morar em definitivo
em tuas continentais costas,
nos selos teus, nos campos lavrados
da vagina secreta da mulher
que condensa em si todas as mulheres

e todas as mulheres que correm com os lobos,
se edificam nos pelos teus,
nas bocas que usa para mastigar
o céu de creme de leite, a seiva divina
do seu sempre orfeu

e vou, e vamos,
pelos arredores de dentro,
pelos solos de fora

e o poeta ancestral,
e a poeta ancestral,
dizem um ao outro,
sem usarem uma única palavra,
versos que são pétalas de cera,
pétalas de livros, pequenos filmes,
cinema nouvelle vague,
cinema novo,
arte da caminhar em zig zag

( edu planchêz )

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