segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Filhas ( os) de porra nenhuma





Apago todas as minhas palavras com palavras,

já que não paro de falar,

que a tagarelice se opõe ao meu silenciar,


e é entre as palavras que encontro silencio,

que abro um novo portal,

estou a empurrar a emperrada porta da existência,

The Doors 1967 rasgando os nenhum motivos

para manter vivo em mim o último passado

de paixões complexas,

Jim Morrison grita, eu grito,

grita Diego El Khouri e Alvaro Nassaralla,

grita Tiça Matta, grita Catarina Crystal,

grita Rosa Maria Kapila

e todos os outros filhos da argila




Nascidos no barro, na borra,

na mancha alucinada William Burroughs,

nascidos e morridos,

em decomposição composição cósmica humana

Viemos da fumaça da mais deliciosa maconha,

agarrados no rabicho, no filete da lâmpada,

ou mesmo das catapultas das paredes

do cérebro metáfora Renato Russo...

e o Doors segue solto

pelas flanelas orientais

que nos acaricia

o sexo e os ouvidos



Mas voltando a tagarelice,

e o silencio estrondo ejaculado por ela,

voltando ao pináculo da alta floresta do darma

de nada fazer sentados nus no muro das herdades

Pelos meandros dos esmiuçados olhos

que nos unem ao porrete, a porra,

ao dramático e arrombante rock sem pai nem mãe




E foda-se essa civilização eunuca

gestada pela gosma televisiva;

que todos se dopem com essas palavras

arrombadas filhas de porra nenhuma



( edu planchêz )

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